Geoffrey de Monmouth, Robert de Boron, Guimarães Rosa: o Selvagem em três tempos
DOI:
https://doi.org/10.46553/LET.86.2022.p163-183Palabras clave:
Matéria de Bretanha, Mitologia, Selvagem, Cultura, CivilizaçãoResumen
O mito do Selvagem como tal é criação puramente literária, que teve sua configuração mais característica a partir do século xii; porém, termos limítrofes como exílio ou banimento, por exemplo, comuns na Alta Idade Média e referindo «o exilado», «o errante», apontam para realidades paralelas. Dentro da matéria arturiana, um bom testemunho é o ambíguo Merlin, filho de um íncubo (demônio) e de uma virgem (cristã), recolhido na floresta por decepção –com as guerras (Vita Merlini) ou com a amada (Suite du Merlin), que o enterrou vivo sob um rochedo. Sendo mito, a persona do Selvagem recua a remotas eras de convivência do homem com a floresta e com os animais, ligando-se inevitavelmente à tradição clássica greco-romana e à riqueza de lendas folclóricas –pagãs, cristãs, africanas, ameríndias, sempre no encalço de penetrar na complexidade daquela relação. Envolvendo, ainda, pares intrigantes como sanidade / loucura, cultura / civilização, o Selvagem, assim concebido, chega aos dias de hoje, aqui trazido pela óptica arguta de Guimarães Rosa. São as linhas gerais, e comparativas, do que se pretende examinar neste ensaio.
Descargas
Citas
A Carta = A Carta de Pero Vaz de Caminha, 1999, Reprodução fac-similar do manuscrito, com leitura justalinear de Antônio Geraldo da Cunha, César Nardelli Cambraia e Heitor Megale, São Paulo, Humanitas.
ALMEIDA, Isabel Adelaide P. D. e., 1998, Livros Portugueses de Cavalarias, do Renascimento ao Maneirismo, Lisboa, Universidade de Lisboa, Tese de Doutoramento.
ALVAR, Carlos, 2004, Leyendas Artúricas – Diccionario Espasa, Madrid, Espasa.
ANCHIETA, José de, 1984, «Minhas Cartas», in Pe. Hélio Abranches Viotti. S.J., Cartas, Correspondência Ativa e Passiva, São Paulo, Loyola (Edição comemorativa do aniversário da cidade de São Paulo).
ARISTÓTELES, 1962, «Historia Animalium», in The Works of Aristotle, trad. ingl. J. A. Smith M.A., Oxford, Clarendon Press, Vol. IV by D’Arcy Wentworth Thompson. [trad. bras., História dos Animais, 2014, São Paulo, Editora WMF Martins Fontes].
El Baladro del Sabio Merlín, 1988, reprodução, por José Javier Fuente del Pilar, da edição preparada por D. Justo García Morales, impressa em Toledo em 1956 e 1957, em 2 volumes, baseada na edição de Burgos de 1498. Precedida por um Prólogo de Luis Alberto de Cuenca, Madrid, Miraguano Ediciones.
BERNAND, Carmen e Serge GRUZINSKI, 2006, História do Novo Mundo, São Paulo, Edusp, 2 vols.
BERNHEIMER, Richard, 1979, Wild Men in the Middle Ages. A Study in Art, Sentiment and Demonology, New York, Octagon Books.
BORON, Robert de, 1993, Merlím, 2ª ed., trad. Heitor Megale, Rio de Janeiro, Imago.
BRANDÃO, Jacyntho Lins (trad. do acádio, introd. e comentários), 2017, Epopeia de Gilgámesh, Belo Horizonte, Autêntica Editora.
BRANDÃO, Junito, 1993, Dicionário mítico-etimológico da mitologia e da religião romana, 2ª ed., Petrópolis, RJ, Vozes, em co-edição com a Ednub.
BRUNEL, Pierre (org.), 2000, Dicionário de Mitos Literários, 3ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio.
BUQUET, Thierry, 2011, «Le guépard médiéval, ou comment reconnaître un animal sans nom», Reinardus 23, 12-47. Disponível em: <https://www.academia.edu/1177913>.
CAMPBELL, Joseph, 1995, O Herói de Mil Faces, 10ª ed. São Paulo, Cultrix / Pensamento.
CAMPOS, Haroldo de, 1992, «A linguagem do iauaretê», in Metalinguagem & outras metas, São Paulo, Perspectiva, pp. 57-63.
CAMUS, Jules, 1909, «La Lonza de Dante et les léopards de Petrarque, de l’Arioste, etc.», Giornale storico della letteratura italiana 53, 1-40.
CÂNDIDO, Antonio, 1967, «O Homem dos Avessos», in Tese e Antítese, 2ª ed., São Paulo, Companhia Editora Nacional, pp. 119-139.
———, 1970, «Jagunços mineiros de Cláudio a Guimarães Rosa», in Vários Escritos, São Paulo, Livraria Duas Cidades, pp. 133-160.
CARTER, Geraldine (org.), 1995, Mitologia latino-americana. Astecas, Maias, Incas e Amazônia, Rachel Storm (intr.), Lisboa, Editorial Estampa / Círculo de Leitores.
CASCUDO, Luís da Câmara, 2000, Dicionário do Folclore Brasileiro, 9ª ed., rev., atual. e ilust., São Paulo, Global.
CASSAGNES-BROUQUET, Sophie, con contribution de Martine Clouxot, 2005, Les Romans de la Table Ronde. Premières images de l’univers arthurien, Rennes, Presses Universitaires de Rennes / Bibliothèque de Rennes Métropole.
CASTRO, Eduardo Viveiros de, 2002, «Imanência do inimigo», in A Inconstância da Alma Selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, pp. 265-294.
CASTRO E SILVA, Gustavo de e Vanessa Daniele MORAES, 2020, «Ambivalências humanas e não humanas em “Meu tio o iauaretê”», Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 75, 36-52.
COLOMBO, Cristovão, 1998, Diários da Descoberta da América. As Quatro Viagens e o Testamento, trad. Milton Persson, int. Marcos Faerman, notas Eduardo Bueno, Porto Alegre, L&PM.
DARWIN, Charles, 2009, A expressão das emoções no homem e nos animais, São Paulo, Companhia das Letras.
DELCOURT, Thierry (dir.), 2009, La Légende du Roi Arthur, oeuvre publié à l’occasion de l’exposition « La Légende du Roi Arthur », presentée par la Bibliotèque nationale de France, Paris, Seuil.
DEYERMOND, Alan, 1964, «El hombre salvaje en la ficción sentimental», Filología 10, 97-111; reprint en Tradiciones y puntos de vista en la ficción sentimental, Medievalia 5, 1993, 17-42.
«Diálogo com Guimarães Rosa. Entrevista a Günter Lorenz», 1994, in Rosa, João Guimarães, Ficção Completa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2 vols., vol. I, pp. 27-61.
EIZIRIK, Eduardo et al, 2006, «The late Miocene radiation of modern felidae: a genetic assessment», Science, 311.5757, 73-77.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, 1999, Século XXI. O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª ed., coord. e ed. Margarida dos Anjos e Marina Baird Ferreira, Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
FINAZZI-AGRÒ, Ettore, 1994, «Nada, nosso parente. Uma leitura de “Meu tio o iauaretê”», Remate de Males 14, 129-139.
FOSSIER, Robert, 2007, Gente de la Edad Media, Madrid, Santillana Ediciones Generales.
FRANCO JÚNIOR, Hilário, 1996, «Cristianismo Medieval e Mitologia. Reflexões sobre um problema historiográfico», in A Eva Barbada. Ensaios de Mitologia Medieval, São Paulo, Edusp, pp. 45-67.
———, 2010a, «Modelo e Imagem: o pensamento analógico medieval», in Os Três dedos de Adão. Ensaios de Mitologia Medieval, São Paulo, Edusp, pp. 93-128.
———, 2010b, «O retorno de Artur: o imaginário da política e a política do imaginário no século XII», in Os Três dedos de Adão. Ensaios de Mitologia Medieval, São Paulo, Edusp, pp. 173-192.
———, 2021, Em busca do Paraíso perdido: as utopias medievais, Cotia, SP, Ateliê Editorial / Araçoiaba da Serra, SP, Editora Mnêma.
FREUD, Sigmund, 1969, «Os instintos e suas vicissitudes», in Obras Completas – Edição Standard, trad. Jayme Salomão, Rio de Janeiro, Imago, vol. XIV, pp. 129-164.
GALVÃO, Walnice Nogueira, 1978, «O impossível retorno», in Mitológica rosiana, São Paulo, Ática, pp. 13-35.
GAMBINI, Roberto, 2000, Espelho índio. A formação da alma brasileira, São Paulo, Axis Mundi: Terceiro Nome.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães de, 2004, A Primeira História do Brasil. História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, texto modernizado e notas Sheila Moura Hue e Ronaldo Menegaz, Rio de Janeiro, Jorge Zahar.
GAUVARD, Claude, Alain de LIBERA e Michel ZINK (dirs.), 2002, Dictionnaire du Moyen Âge, Paris, Quadrige / PUF.
GUIMARÃES, Ruth, 1972, Dicionário da Mitologia Grega, São Paulo, Cultrix / MEC.
GUSDORF, Georges, 1953, Mythe et Métaphysique, Paris, Flammarion.
HANSEN, João Adolfo, 2021, «Aula sobre o texto Meu tio o iauaretê, de J. G. Rosa», no canal do Youtube: <https://www.youtube.com/watch?v=ziWrXEkrC_0>. Consultado em 12/11/2021.
HOLANDA, Sergio Buarque de, 1992, Visão do Paraíso, 5ª ed., São Paulo, Brasiliense.
HOOK, David (ed.), 2015, The Arthur of the Iberians. The Arthurian Legends in the Spanish and Portuguese Worlds, Cardiff, The University of Wales Press.
JARMAN, A. O. H., 2008, «The Merlin Legend and the Welsh Tradition of Prophecy», in Rachel Bromwich et alii (eds.), The Arthur of the Welsh. The Arthurian Legend in Medieval Welsh Literature, 2ª ed., Cardiff, University of Wales Press, pp. 117-145.
JUNG, C. G., 1976, Tipos Psicológicos, 3ª ed., Rio de Janeiro, Zahar.
KARMAN, Roger, 1973, Dicionário de Mitologia Greco-Romana, São Paulo, Abril Cultural.
KELLY, Douglas, 2006, «Chrétien de Troyes», in Glyn S. Burgess and Karen Pratt (eds.), The Arthur of the French. The Arthurian Legend in Medieval French and Occitan Literature, Cardiff, University of Wales Press, pp. 135-185.
KITCHENER, Andrew, 1991, The Natural History of the Wild Cats. A Comstock Book, Ithaca (N.Y.), Comstock Publishing Associates.
LE GOFF, Jacques, 1994, «Lévi-Strauss na Broceliândia», in O Imaginário Medieval, Lisboa, Estampa, pp. 171-207.
——— e Jean-Claude SCHMITT, 2002, Dicionário Temático do Ocidente Medieval, coord. trad. Hilário Franco Júnior, Bauru, SP, EDUSC / São Paulo, SP, Imprensa Oficial do Estado, 2 vols.
LEÓN-PORTILLA, Miguel, 1984, A conquista da América latina vista pelos índios. Relatos astecas, maias e incas, trad. Augusto Ângelo Zanatta, Petrópolis, Vozes.
LEVI-STRAUSS, Claude, 1987, Mito e Significado, Lisboa, Edições 70.
LOOMIS, Roger Sherman (ed.), 1959, Arthurian Literature in the Middle Ages, Oxford, Clarendon Press.
LÓPEZ-RÍOS MORENO, Santiago, 1999, Salvajes y razas monstruosas en la literatura castellana medieval, Madrid, Fundación Universitaria Española.
LORENZO GRADÍN, Pilar e José António SOUTO CABO (coords.), 2001, Livro de Tristan e Livro de Merlin, estúdio, edición, notas e glosario, Santiago de Compostela, Centro Ramón Piñeiro para a Investigación en Humanidades - Xunta de Galicia.
MARKALE, Jean, 1989, Merlim, o Mago, Rio de Janeiro, Paz e Terra.
MARTINS, Nilce Sant’Anna, 2001, O Léxico de Guimarães Rosa, 2ª ed., São Paulo, Edusp.
MELO, Alfredo Cesar, 2014, «The Predicaments of Transculturation: A Materialist Reading of “Meu tio o Iauaretê” by João Guimarães Rosa», in Laura Callahan (ed.), Spanish and Portuguese across Time, Place, and Borders. Studies in Honor of Milton M. Azevedo, London, Palgrave Macmillan, pp. 51-62. Disponível em: <https://www.academia.edu/8169070>.
Merlin le Prophète ou le livre du Graal, 1980, mis en français moderne par Emmanuèle Baumgartner, préface de Paul Zumthor, postface d’Emmanuèle Baumgartner, Paris, Éditions Stock.
MICHA, Alexandre, 1959, «The Vulgate Merlin», in Roger Sherman Loomis (ed.), Arthurian Literature in the Middle Ages, Oxford, Clarendon Press, pp. 319-324.
———, 1980, Étude sur le « Merlin » de Robert de Boron. Roman du XIIIe siècle, Genève, Librairie Droz.
MONMOUTH, Geoffrey de, 1984, Historia de los reyes de Britania, Luis Alberto de Cuenca (ed.), Madrid, Siruela.
———, 1986, Vida de Merlín, trad. Luis García Gual, prólogo Carlos García Gual, Madrid, Siruela.
MONTAIGNE, Michel de, 2009, Dos canibais, Plinio Junqueira Smith (org.), São Paulo, Alameda.
MORIN, Edgar, 2008, «O Complexo de Amor», in Amor, Poesia, Sabedoria, 8ª ed., Rio de Janeiro, Bertrand do Brasil, pp. 13-33.
NUNES, Benedito, 1976, «O Amor na Obra de Guimarães Rosa», in O Dorso do Tigre, 2ª ed., São Paulo, Perspectiva, pp. 143-171.
OVÍDIO, 1983, As Metamorfoses, trad. David Jardim Júnior, Rio de Janeiro, Ediouro.
PAPAVERO, Nelson, 2017, «Considerações sobre os felinos do Velho Mundo tratados como “onças”. Notas históricas e etimológicas», coord. da série monográfica Mário Eduardo Viaro, São Paulo, NEHiLP / FFLCH / USP (Arquivos do NEHiLP, v. 14). Disponível em: <http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/188/171/808-1>.
PARRY, John J. e Robert. A. CALDWELL, 1959, «Geoffrey of Monmouth», in Roger Sherman Loomis (ed.), Arthurian Literature in the Middle Ages, Oxford, Clarendon Press, pp. 72-93.
PESSOA, Fernando, 1986, Mensagem, introd. Carlos Felipe Moisés, São Paulo, Difel.
PY, Fernando, 1994, «Estas Estórias», in Rosa, João Guimarães, Ficção Completa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2 vols., vol. I, pp. 172-182.
RÓNAI, Paulo, 1994, «Tutaméia», in Rosa, João Guimarães, Ficção Completa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2 vols., vol. I, pp. 158-166.
RONCARI, Luiz, 2013, Buriti do Brasil e da Grécia. Patriarcalismo e dionisismo no sertão de Guimarães Rosa, São Paulo, Editora 34.
ROSA, João Guimarães, 1994, «Meu tio o iauaretê», in Ficção Completa, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2 vols., vol. II, p. 825.
ROUDINESCO, Elisabeth, 2019, «Animais», in Dicionário amoroso da psicanálise, Rio de Janeiro, Zahar.
ROWLAND, Clara, 2015, «Língua de onça: onomatopeia e legibilidade em “Meu tio o iauaretê”, de Guimarães Rosa», Literatura e Sociedade – Departamento de Literatura Comparada e Teoria Literária da USP 20, 107-114.
SCHMITT, Jean-Claude, 1976, « “Religion populaire” et culture folklorique », Annales. Economies. Sociétés. Civilisations 31, 941-953.
SOUSA, Gabriel Soares de, 1971, Tratado descritivo do Brasil em 1587, 4ª ed., acrescentada de alguns comentários de Francisco Adolfo de Varnhagen, São Paulo, Companhia Editora Nacional / Editora da Universidade de São Paulo (Brasiliana, v. 117).
SOUSA, Pero Lopes de, 1964, Diário de Navegação, Cadernos de História, Brasil Bandecchi (dir.), int. J. P. Leite Cordeiro, notas Comte Eugênio de Castro, São Paulo, Obelisco.
SOUZA, Laura de Mello e, 1986, O diabo e a terra de Santa Cruz, São Paulo, Companhia das Letras.
SPERBER, Suzi Frankl, 1992, «A virtude do jaguar: mitologia grega e indígena no sertão roseano», Remate de Males 12, 89-94.
TAUNAY, Afonso de Escragnolle, 1999, Zoologia fantástica do Brasil (séculos XVI e XVII), apresentação Odilon Nogueira de Matos, São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo / Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
TRACHSLER, Richard, 2017, « Du lynx à l’once. Animaux réels et créatures symboliques », Reinardus 29, 142-163. Disponível em The Zurich Open Repository and Archive, University of Zurich: <https://doi.org/10.5167/uzh-170209>.
VARAZZE, Jacopo de, 2003, Legenda Áurea. Vidas de Santos, trad. do latim, apresentação, notas e seleção iconográfica Hilário Franco Júnior, São Paulo, Companhia das Letras.
VESPÚCIO, Américo, 2003, Novo Mundo. As cartas que batizaram a América, apresentação Eduardo Bueno, São Paulo, Planeta.
WHITE, Hayden, 1994, «As formas do Estado Selvagem: arqueologia de uma ideia», in Trópicos do Discurso. Ensaios sobre a crítica da cultura, São Paulo, Edusp, pp. 169-202.
WOORTMANN, Klaas, 2003, «O selvagem na “gesta Dei”: história e alteridade no pensamento medieval», Revista Brasileira de História 25 (50), 259-314.
ZUCKER, Arnaud, 2004, Physiologos. Le bestiaire des bestiaires, Grenoble, Éditions Jérôme Millon.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
